Fala Tinga – Primeira Edição


Matéria 1:

Coopertinga- Reciclagem e geração de renda

Cooperativa da Restinga supera desafios diários e transforma resíduos em oportunidade

oopertinga, fundada em 2011 na Restinga, é um exemplo poderoso de como a sustentabilidade e a transformação social podem andar de mãos dadas. Com cerca de 35 cooperativados, ela enfrenta desafios diários para reaproveitar resíduos sólidos e combater a exclusão social e econômica, mostrando o potencial do reaproveitamento do lixo em comunidades periféricas.

A Coopertinga conseguiu expandir sua produção em 2015, quando conquistou uma área de 8.000 m² no Parque Industrial da Restinga, cedida pela Prefeitura de Porto Alegre. Durante os últimos quatro anos, a cooperativa reciclou cerca de 80 toneladas de resíduos sólidos por mês, contribuindo para a geração de emprego e renda na comunidade. Em 2022, no entanto, um incêndio num galpão interrompeu temporariamente as atividades, destruindo parte das instalações e a prensa utilizada no processo de reciclagem.

O trabalho na cooperativa começa com os caminhões do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) ao trazer o material para ser reciclado, sendo descarregado na área do galpão e, posteriormente, iniciando o trabalho manual de separação dos materiais, a qual é realizada por cor, tipo de material e depois distribuído para o setor industrial. Na área externa, há um contêiner com resíduos descartados de forma incorreta, que serão enviados ao aterro devido ao descarte inadequado. Cerca de 60% de todo o material que chega ao local acaba não sendo reaproveitado por conta da separação
inadequada.
Os resíduos separados pela população geram emprego e renda para trabalhadores vinculados às associações e cooperativas, além de auxiliar na preservação do meio ambiente e urbano. A Prefeitura de Porto Alegre fornece toda a infraestrutura para as Unidades de Triagens (UT) conveniadas, garantindo o custeio de manutenção com cerca de R$ 5.200 por mês. O resultado da comercialização dos resíduos é dividido entre os integrantes das associações ou cooperativas que gerem cada UT.

As comunidades periféricas enfrentam problemas com a precariedade na coleta e separação regular do lixo, além da ausência de políticas públicas que contemplem essas regiões. A falta de campanhas educativas voltadas para a conscientização ambiental é um entrave para a popularização da reciclagem, os moradores da periferia não receem o incentivo suficiente sobre a importância da separação dos materiais recicláveis e o impacto positivo que essa prática pode trazer para a comunidade. A recicladora Angela Maria Gomes relata “se as pessoas separassem o lixo como deve ser seria muito melhor para todo mundo, para nós que teriamos mais lucro e para o meio ambiente, que não ficaria poluído”, também denuncia “várias empresas doam roupas de trabalho para nós mas elas vem todas rasgadas, na verdade eles não querem pagar para descartar o lixo e chama de doação”, afirma.
A prefeitura de Porto Alegre elabora um plano para alterar o sistema de coleta e destinação de todo o lixo produzido na cidade. Uma parceria público-privada chamada “PPP do Lixo” pretende ceder a uma única empresa, por 35 anos, todos os dejetos domésticos na capital, do recolhimento até a venda dos recicláveis. Os catadores e trabalhadores da categoria discordam do plano da prefeitura e se sentem excluídos de seu mercado de trabalho.

Dos cerca de 3,5 mil catadores em atividade em Porto Alegre, aproximadamente 500 trabalham para as unidades de triagem em parceria com o município. Os outros atuam na vendendo os produtos recolhidos para atravessadores, que revendem para a indústria.

Em abril foi solicitada pelos catadores uma audiência pública com a prefeitura. O município, por meio da secretária municipal de Parcerias ficou acertado que haverá contratação dos trabalhadores que atualmente desempenham as atividades junto ao município, caso avance a parceria com a iniciativa privada. Porém, os catadores enchergam a contratação pela empresa apenas como exploração de mão-de-obra e não pretendem aceitar a mudança, o assunto continua em discussão e sendo acompanhado pela defensoria pública.

Matéria 2

Ponto de Cultura Africanidades

A cultura como ferramenta de resistência e transformação social

cultura na periferia é um ato de resistência, é o palco onde as vozes de quem foi historicamente silenciado, encontram espaço para ecoar. Mais do que entretenimento, ela é uma ferramenta de transformação, que fortalece identidades, cria oportunidades e redefine o futuro de milhares de pessoas. Em um país tão marcado pela desigualdade, é na periferia que a cultura se mostra mais viva, pulsante e resistente, evidenciando essa força que emerge da população.

O Ponto de Cultura Africanidades é uma resistência cultural dos povos de terreiro e da comunidade negra, com a proposta de incentivar os moradores a interagir com a cultura e trazer luz às vivências da periferia. É uma iniciativa educativo-cultural que desenvolve projetos variados, incluindo produção de filmes, oficinas de capoeira, teatro, dança, percussão, preservação da memória, seminários, entre outros.

Sendo uma instituição que nasceu da necessidade de um espaço cultural para a comunidade na Restinga, o projeto teve seu início com a associação criada pelo líder comunitário José Luís Vieira Ventura, em parceria com um coletivo de moradores que fundou o Complexo Esportivo Barro Vermelho. A partir dessa mobilização, nasceu o Africanidades.

Principais projetos

A participação em editais do governo e a formação de novos produtores culturais são algumas das conquistas da instituição, a qual conta com trabalhos realizados no bairro. Atualmente, o Africanidades possui quatro projetos principais em andamento: Trampando Cultura na Periferia, Cine Maloka, Cultura na Rua e a produção de filmes.

O projeto Trampando Cultura na Periferia está na sua segunda edição, sendo um curso de introdução para a formação de jovens na área cultural, para se formarem “Agentes Cultura Viva”, com o propósito de atuar no desenvolvimento de atividades para dar continuidade e fortalecer a Política Nacional de Cultura Viva, prevista pela Lei nº 13.018/2014.

O Trampando contemplou 15 jovens do Africanidades com bolsas de R$ 1.000 para realizar a formação, este curso surge para proporcionar conhecimento técnico aos que desejam atuar na área cultural, fortalecendo suas capacidades e ampliando suas oportunidades de inserção no mercado cultural e criativo. Os participantes são remunerados pelo Ministério da Cultura por seus projetos.

O Cineclube é outro projeto criado pelo Africanidades, ao qual leva o cinema para as escolas com a exibição de produções independentes e a participação dos realizadores dos filmes, as sessões são marcadas com antecedência nas escolas municipais. O Cine Maloka, como é conhecido, é um projeto patrocinado pela Lei Paulo Gustavo de incentivo à cultura pelo governo federal e já fez a segunda exibição na Escola Municipal de Ensino Fundamental Lidovino Fanton, no dia 29 de agosto, às 19h, contando com uma sala cheia para o prestígio da produção.

Além dos projetos culturais, o Africanidades, conta também com uma cozinha comunitária solidária, que oferece diariamente dezenas de refeições gratuitas. Com o apoio do Ilê de Oxum na preparação dos alimentos e parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o governo federal e doações, que chegam ao ponto de cultura o espaço têm se consolidado como uma importante ferramenta de combate à fome e de promoção da dignidade nas periferias.

Os Pontos de Cultura são projetos financiados e apoiados institucionalmente pelo Ministério da Cultura do Brasil e implementados por entidades governamentais ou não governamentais. Essas organizações não possuem um modelo de padrão, nem de instalações físicas, programação ou atividade, podendo ter seu estabelecimento em uma casa ou em um grande centro cultural. A proposta é de que sejam pontos acessíveis para toda a população na comunidade e um local para a prática, o aprendizado e a vivência da cultura.
Para se cadastrar ou saber mais, acesse o site Cultura Viva, do Ministério da Cultura.
A cultura na periferia é um ato de resistência é o palco onde as vozes de quem foi historicamente silenciado encontram espaço para ecoar. Mais do que entretenimento, ela é uma ferramenta de transformação, que fortalece identidades, cria oportunidades e redefine o futuro de milhares de brasileiros. E, em um país tão marcado pela desigualdade, é na periferia que a cultura se mostra mais viva e pulsante.

CONTATO
Rua Dr. Arno Horn, 211
Restinga
Porto Alegre – RS
Fone: 51 981 385 566
e-mail: africanidadepontodcultura@gmail.com
Instagram: Afri.canidade

Matéria3

Centro Infantil Renascer da Esperança

A instituição atende crianças e adolescentes oferecendo vários serviços para os moradores

O Centro Infantil Renascer da Esperança foi fundado em 1996, por Rozeli da Silva, uma funcionária pública do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) de Porto Alegre, a qual tinha o sonho de tirar todas as crianças das ruas da Capital. Atualmente, a organização atende crianças e adolescentes de zero a 17 anos, contando com serviços de maternidade, de educação infantil, de oficinas diversas oferecendo café da manhã, almoço e café da tarde.

Rozeli da Silva, gari aposentada, lembra as dificuldades que enfrentou no início de sua trajetória em 1990, quando decidiu seguir seu sonho de trabalhar com crianças. Ela conta que começou procurando no bairro um lugar que pudesse cuidar dos pequenos enquanto os pais trabalhavam, para sua surpresa não encontrou. Com a ajuda de uma colega de trabalho, que escreveu o primeiro esboço do projeto, Rozeli começou a sua jornada atuando de forma improvisada, buscando apoio para que a ideia crescesse. Foi em 1996 que a organização foi fundada, quando a escola de samba União da Tinga ofereceu uma casa para que o projeto pudesse ganhar vida de forma mais organizada

O Renascer da Esperança se conveniou à Fundação de Assistência Social e da Cidadania (Fasc) no ano de 2001, o atendimento das crianças foi renomeado para Serviço de Atendimento Sócio-educativo (Sase). Em 2003 firmou uma parceria com a Prefeitura de Porto Alegre e o governo do Estado, para o desenvolvimento do programa Família-Cidadã. Já em 2008, foi inaugurada a nova sede, com o auxílio de empresas como RBS e Gerdau.

A sede atual funciona em um prédio de 1,5 mil metros quadrados na avenida Macedônia, onde são oferecidas atividades no contraturno escolar para 380 crianças, dos seis aos 17 anos. O terreno, de 3,6 mil metros quadrados, foi obtido por meio do Orçamento Participativo. Já para construir as salas, foram captados recursos de R$ 642 mil em doações e convênios. O local foi inaugurado em 2008.

Entre as atividades oferecidas atualmente no Renascer, estão reforço escolar, aulas de dança, artes marciais, capoeira, informática e diversos esportes. Cada criança faz duas refeições por dia. A Organização recebe, por meio de convênio com a Fasc, R$ 42 mil mensais. Com este valor, são pagos os salários dos funcionários, os projetos pedagógicos e a compra de alimentos.
No prédio antigo da avenida Economista Nilo Wulff, funciona a Escola de Educação Infantil Renascer da Esperança, por meio do convênio com a Secretaria Municipal de Educação (Smed), a qual atende 120 crianças de três meses a seis anos. “Eu fui mãe aos 12 para 13 anos, se eu tivesse um lugar que nem o Renascer, não estaria grávida na adolescência. Então eu queria que as crianças tivessem um lugar do qual não pagassem para estudar”, revela Rozeli, alfabetizada aos 32 anos.
Uma das condições para utilizar o serviço da ONG é necessário estar matriculado em uma escola para frequentar a organização. “Gostaria que todos pudessem vir até aqui para conhecer nosso trabalho e olhar para as crianças da nossa comunidade”, conta. O Renascer da Esperança é um pilar de apoio para famílias de baixa renda, pontos de socialização e aprendizado para as crianças e espaços de fortalecimento comunitário. Sua existência é vital em contextos de vulnerabilidade social, e sua manutenção e fortalecimento devem ser uma prioridade para a construção de uma sociedade mais inclusiva.
As creches comunitárias oferecem uma primeira oportunidade de educação formal e socialização para crianças de até seis anos. Essa etapa é crucial para o desenvolvimento cognitivo e emocional, mas, em muitas periferias, o acesso a creches públicas é insuficiente e no bairro Restinga não é diferente, não existem muitos lugares gratuitos para acolher as crianças.
Segundo dados do IBGE, menos da metade das crianças de 0 a 3 anos no Brasil têm acesso à educação infantil. Nas áreas periféricas, essa realidade é ainda mais severa, e as creches comunitárias como a Renascer preenchem o vazio deixada pelo Estado.
Além de proporcionar educação e cuidado às crianças, as creches comunitárias são indispensáveis para que as mães e pais possam trabalhar. Na maioria dos casos, os pais enfrentam longas jornadas no setor informal ou em empregos de baixa remuneração, sem a possibilidade de pagar por creches particulares.
Apesar de sua importância, as creches comunitárias enfrentam grandes dificuldades. A falta de recursos financeiros e materiais é um dos principais obstáculos. O reconhecimento dessas creches como agentes transformadores e a criação de parcerias com o poder público e empresas privadas são fundamentais para que possam continuar atuando.

Para ajudar a entidade, faça contato através do número: (51) 3266-0864.

Eles aceitam doações em dinheiro, alimentos, itens de cozinha e tecido para roupas. Além disso, a organização convida a todos para visitarem suas instalações.

Matéria 4

Sabão da tinga – Projeto social impulsiona mulheres e ajuda o meio ambiente

O projeto social Sabão da Tinga é uma iniciativa para ensinar mulheres a fabricar produtos com óleo de cozinha usado. A capacitação foi  criado por Tatiane Oliveira de Morais, a Tati, moradora do bairro Restinga, que estava em busca de uma atividade que pudesse dar lucro, ter tempo livre e ajudar o meio ambiente, a ideia também é conscientizar sobre a reciclagem e a sustentabilidade.
A  capacitação de mulheres em situação de vulnerabilidade para fazer sabão a partir do óleo de cozinha usado é feita através de oficinas em parcerias com entidades e instituições como escolas, associações e serviços de convivência.
O inicio não foi fácil, Tati morou nas ruas tirando seu sustento da reciclagem, a partir dessa atividade descobriu a coleta de óleo de cozinha usado e identificou uma forma de aumentar seus lucros e investir em um negócio.  Parceiros na vida e nos negócios Tati e seu marido Rodrigo Morais viram uma oportunidade para passar adiante seu conhecimento ajudando mulheres a se tornarem empreendedoras, com apoio de estabelecimentos comerciais da própria comunidade que doam a matéria prima para a produção do sabão o projeto está crescendo.

Parte da renda é revertida para as próprias mulheres e outra parte é destinada ao custeio do projeto, que tem base na agenda 2030 da ONU, principalmente na área do empoderamento feminino e desenvolvimento sustentável. “Há anos eu já trabalhei com transformação do óleo em sabão, mas migrei para outras áreas e acabei voltando. Por enquanto, essa não é minha principal fonte de renda, mas a ideia é ampliar”, planeja a idealizadora.
O projeto também busca conscientizar sobre a importância da reciclagem e da sustentabilidade, evitando que milhares de litros de óleo sejam jogados na natureza. Para se ter ideia, um litro de óleo descartado de forma incorreta contamina em torno de 20 mil a 25 mil litros de água, “não fazemos somente sabão, nós contribuímos para o meio ambiente” afirma Tati.
Quando o óleo de cozinha usado é despejado diretamente na pia ou no ralo, ele provoca sérios problemas ambientais e sanitários. Ao ser jogado no sistema de esgoto, o óleo pode acumular-se nas tubulações, gerando obstruções e aumentando a necessidade de manutenção e o uso de produtos químicos para a limpeza dos encanamentos. Além disso, ao chegar aos corpos d’água, como rios e mares, ele forma uma camada superficial que impede a troca gasosa e compromete a vida aquática. Essa barreira de óleo reduz a quantidade de oxigênio dissolvido
na água, essencial para a sobrevivência de peixes e outros organismos, afetando diretamente a natureza.

Um estudo aponta que um único litro de óleo pode contaminar até um milhão de litros de água, uma quantidade significativa que poderia abastecer o consumo de uma pessoa por cerca de 14 anos. Esse impacto negativo não só prejudica o meio ambiente, mas também encarece o tratamento da água para torná-la potável novamente.
A reciclagem do óleo de cozinha usado é uma prática acessível e de grande impacto positivo para o meio ambiente e a sociedade. Ao descartá-lo corretamente e destiná-lo à reciclagem, evitamos a contaminação da água, promovemos a economia circular e contribuímos para a criação de novas oportunidades econômicas. Pequenas mudanças em nossos hábitos podem fazer uma grande diferença, e a reciclagem do óleo de cozinha é uma delas. Adotar essa prática é um ato de respeito ao meio ambiente e de responsabilidade com as futuras gerações.

Matéria 5

SUPERTINGA – HERÓI DE DOIS CONTINENTES

Evento propõem discutir a mudança da educação junto com a sociedade

O personagem dos quadrinhos Super tinga foi criado por Luciano Moucks, cineasta, quadrinista e morador do bairro, com o objetivo de mudar a imagem da comunidade e mostrar que  na periferia também tem coisas boas. O interesse por quadrinhos começou na adolescência, mas o herói nasceu após seu periodo no exército, por um ano no serviço obrigatório, naquele ambiente percebeu o preconceito com moradores da Restinga, conta “ o pessoal fazia piada em meio a risos: o que é vermelho por fora e preto por dentro? a restinga” conta Luciano, que ficava incomodado. 

Assim, veio o desejo de fazer um personagem que representasse o bairro, “ele tinha que ser negro e fazer o bem”, afirma Luciano, que criou então o SuperTinga, em 1998, um herói negro da periferia, que luta pelo que é certo. Esse foi o primeiro, de uma série de personagens, que sairam das revistas para virar filme, série de TV e até estátuas.
A partir de uma oficina de teatro em uma igreja, na adolescência, Luciano teve contato também com cinema, mais tarde abrindo a produtora Cherry do Brasil, que além de criar as revistas também foi a responsável pelos filmes, séries e as estátuas. No inicio o trabalho foi realizado com apoio de conhecidos, mas foi a partir da participação de editais de fomento a cultura do governo do estado, governo federal e prefeituras, que impulsionou sua criação artistica, ficando conhecido no Brasil e em Uganda, na África, onde a equipe viajou divulgou o heró e gravou seu filme.
O filme Super Tinga Herói de Dois Continentes, de 2019, foi selecionado pelo edital da secretaria de cultura do estado para receber um financiamento. O filme é um documentário sobre o personagem de quadrinhos, mas também mostra um pouco do cotidiano do criador do personagem e do ator Paulo Neves, que interpreta o herói, o film também registra a passagem da equipe pelo continente africano.
A partir da realização do filme Luciano criou o projeto de série para a televisão envolvendo mais personagens e suas aventuras. A série “Super-Tinga e a Abelha Girl” conta a história de um herói já experiente que ensinará os conhecimentos à discípula Abelha Girl. A jovem heroína, uma estudante de jornalismo de 18 anos, acredita no ditado “bandido bom é bandido morto”, o que leva o herói Tinga a lhe mostrar um outro caminho para ela se tornar a Abelha Girl. A personagem foi inspirada nas abelhas, símbolo de Balneário Pinhal, cidade que também ganhou uma estátua da heroína e diverte a criançada.
A produção foi exibida em mais de 200 canais públicos. A primeira temporada tem 13 episódios de 26 minutos cada e sua produção foi possível através de sua seleção junto com com outras 50 obras, pelo programa Brasil de Todas as Telas, da Agência Nacional de Cinema (Ancine), financiado via Fundo Setorial do Audiovisual com apoio do Ministério da Cultura.
A série foi rodada com 80% de atores locais. Cerca de 30 crianças do município de Balneário Pinhal foram selecionadas para as gravações. Para isso, elas participaram de oficinas de teatro, ministradas pelo professor de teatro e ator Rogério Valim. A colocação das estátuas, construída pelo escultor Fernando Ulisses Guimarães, 37 anos, também morador da Restinga fez parte das gravações da série Super-Tinga e a Abelha Girl, os monumentos são contrapartida da série para as cidades onde a série foi filmada.
O projeto de série para a televisão pública é uma realização da produtora Cherry do Brasil em parceria com a Associação Artística e Cultural da Periferia, Associação Gaúcha dos Vídeos Amadores, Associação Gaúcha das Produtoras Audiovisuais, Prefeitura de Balneário Pinhal, Prefeitura de Alvorada e Prefeitura de Porto Alegre, financiamento via Fundo Setorial do Audiovisual do Ministério da Cultura e apoio do Governo do Rio Grande do Sul através dos Pontos de Cultura “Ação Periférica” e “Projeta Periferia”, que atuam em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do RS (Sedactel).
Valorizar a cultura da periferia e gerar emprego e renda por meio da arte é o objetivo do artista, que já tem novos projetos em vista, sempre com a participação da comunidade.

Matéria 6

Lideranças da Restinga

As diferentes histórias de luta pelos interesses da comunidade

Viviane Rodrigues
A madrinha dos Tinguerreiros

A carnavalesca Viviane Rodrigues, 48 anos é atual vice-presidennte da Estado Maior da Restinga, mas sua história no samba começou lá atrás quanto tinha apenas 7 anos de idade. Em razão das desocupações, sua familia se dividiu entre Cavalhada e Restinga, com sua madrinha, muito querida pela pequena, amante do carnaval se mudou para a Restinga. Nas visitas constantes, quando criança, Viviane se encantou com a escola, conta “nem barracão tinha, os ensaios eram na rua mas eu adorava queria ser a rainha do carnval”. Após a madrinha se mudar ficou um tempo sem frequentar o bairro, aos 16 amos foi quando seu padrinho, que ajudava a organizar concurso de rainha do carnaval, perguntou se Viviane queria participar e prontamente ouviu da jovem “quero representar a Restinga”, afirma a carnavalesca. O primeiro passo foi se apresentar para o presidente da escola e após, passou por um ano de preparação, fazendo várias atividades e assistindo aos ensaios.
No dia do concurso o nervosismo para fazer tudo certo deu resultado e foi coroada como rainha do carnaval. Após seu um ano de reinado o objetivo de Viviane era ser a madrinha da bateria “a bateria é o coração da escola é ela que canta e encanta”, afirma a vice-presidente. “Nunca mais me vi longe da restinga” comenta. junto ao samba a madrinha começou a desenvolver projetos para inspirar outras meninas, na sua visão descreve “ a escola de samba é maior que a folia, eu me encontrei como menina como mulher aqui na Estado Maior”. Viviane ficou por 30 anos a frente da famosa bateria Tinguerreiros, se aposentou do seu posto no carnaval de 2024, mas não abandonou o carnaval e agora cuida da administração da Estado Maior como vice-presidente da escola, “ como uma mulher em um cargo de liderança eu procuro enaltecer as mulheres”, reitera Viviane. Com toda sua experiência ela quer agora preparar os sambistas do futuro, através de diversas oficinas oferecidas pela escola. E também fazer um trabalho social junto a comunidade através da assistência e inspiração para os moradores do bairro.

Rozeli Silva
O Renascer da Esperança

Rozeli da Silva, 60 anos é uma gari aposentada e ativista social uma referência no bairro Restinga, por meio de sua ONG a Renascer da Esperança, uma entidade que atende crianças carentes de 6 a 14 anos no contraturno escolar com serviço de creche e diversas oficinas. Tudo começou com um sonho de Rozeli, que queria proporcionar as crianças do bairro a oportunidade de estudar que ela não teve quando criança. Pois, se casou aos 11 anos de idade e teve o primeiro de seus cinco filhos aos 13, começou a trabalhar como gari em 1987 e sofreu a dificudade de ter que trabalhar e não ter um lugar para deixar seus filhos. Descobrindo a situação de diversas meninas de rua vítimas da violência, começou a sonhar com seu projeto um centro infantil que abrigasse essas crianças e elas podessem se desenvolver, em 1996 o sonho se tornou realidade.
Essa organização é fundamental para que a comunidade se torne visível e possa reivindicar, de maneira unificada e assertiva, melhorias para o local onde vive. Além disso, as lideranças são capazes de articular de forma mais efetiva com as autoridades municipais e outros órgãos competentes, gerando pressão organizada por investimentos e políticas voltadas para a realidade dos moradores periféricos.

Por seu trabalho à frente da ONG, atendendo a crianças carentes Rozeli ganhou como reconhecimento a Medalha Cidade de Porto Alegre e o Diploma Bertha Lutz. No carnaval de 2011, foi homenageada pela escola de samba Academia Samba Puro, da comunidade do Morro da Conceição, que desfilou com o enredo Assim renasce a esperança de Rozeli da Silva às mulheres da mangueira, a samba puro homenageia a mulher brasileira”

José Ventura
História e africanidade

é uma liderança ativa do bairro Restinga, participando da criação de diversos espaços públicos e iniciativas para a juventude, morador do bairro restinga a masi de 50 anos, Sr. Ventura conta que chegou ao bairro no projeto feito pela ditadura militar “remover para promover”, que buscava retirar moradores pobres dos centro e enviar para lugares afastados da cidade, o morador conta que chegou com 12 anos na Restinga Velha, junto com a mãe e 4 irmãos. Nessa ocasião a familia recebeu uma taquara, uma lona e um número em uma área de terra demarcada como terreno “ no inicio tinha uma torneira em uma bica para mais de 10.000 pessoas e inguém tinha banheiro, então primeiro fizemos um comunitário para ter um pouco de higiene”, afirma.
Hoje representante do Complexo Esportivo Barro Vermelho e também do Ponto de Cultura Africanidades, Sr. Ventura é uma liderança do bairro ligado ao esporte, sua figura é conhecida no meio empresarial e púbico por buscar apoio para transformar espaços sem estrutura em ferramentas para transformação da vida dos jovens na comunidade. Quando jovem o morador teve contato com atletismo, o que permitiu estudar com bolsa, pois no bairro não haviam escolas. Mas, foi na prática do futebol que veio possibilidade de resistir, filho mais velho de uma chefe de família empregada doméstica, a rotina de sr. Ventura passava por cuidar dos irmãs na ausência da mãe. O morador afirma “aqui se não gosta do lugar, melhor pensar em mudar por conta própria, pois politicas publicas só com muita luta”.
E foi assim que Sr. Ventura participou ativamente como liderança comunitário, vizinho e parceiro nas ações desenvolvidas na comunidade para levar para o bairro escolas, posto de saúde, Centros de Artes e Esportes Unificados (CEUs) sua conquista através de uma visita a brasília, o ponto de cultura africanidades e muito mais. Sr. Ventura é um exemplo de luta e representatividade da comunidade e sua história inpira todos a vuscar melhorar o lugar onde vivem.

RESTINGA CREW

Grupo promove dança e arte na periferia da cidade

O grupo de dança Restinga crew foi criado em 2002, por jovens moradores do bairro, que participaram de uma oficina de hip hop e queriam dançar profissionalmente, hoje é algo muito maior, pois vários mesmbro além de artistas são educadores sociais, trabalham com crianças e adolescentes em áreas periféricas fazendo da dança uma ferramenta de educação e emancipação do jovem da periferia. O nome surgiu como forma de homenagear o bairro da periferia marginalizado e os jovens queriam mudar essa imagem.

O grupo de breaking possui mais de 20 anos de história, o inicio foi marcado por dificuldades como conta Júlio Cesar Oliveira um dos criadores, em uma apresentação outros artistas que deveriam se apresentar no evento daquela noite não compareceram por medo de compartilhar o espaço com os garotos do bairro periférico, tinham medo de deixar roupas e objetos de valor ao alcance do grupo.Por isso a escolha do nome Restinga é uma afirmação da origem e faz referência à ideologia do grupo, que busca desde o início mostrar o potencial do local e das pessoas que lá estão.

 Em 2012, conquistaram o primeiro lugar na categoria Destaque em Danças Urbanas do Prêmio Açorianos, um importante prêmio artistico da cidade. Além disso, o Restinga Crew se destacou pela fusão do Hip Hop com a educação, fazendo um trabalho de resgate social através de oficinas abertas para todas as idades.  Dezenas de seus dançarinos despontaram no cenário artístico de Porto Alegre e, assim, construíram uma das mais respeitadas e sólidas carreiras da cidade. O grupo já se apresentou em vários lugares do Brasil e do mundo.

As coreografias do grupo retratam um pouco da realidade que passam em seus dias na comunidade, vulnerabilidade social, lotação nos ônibus, arte de rua, e acima de tudo a cultura Hip Hop e seus quatro elementos, Breaking, Graffiti, MC e o DJ.
Em um país onde as desigualdades sociais são marcantes, as manifestações culturais nas periferias se tornaram essenciais para que essas comunidades tenham uma voz ativa. Os elementos da cultura hip hop não apenas expressam o cotidiano de quem vive nessas regiões, mas também denunciam a exclusão e a violência enfrentadas por seus moradores.

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